terça-feira, 30 de março de 2010

Muriçocas

O que me faz sofrer são coisas tão insofríveis que tenho vergonha de sofrer por mais de cinco minutos. Sofro o insofrível antecipadamente ou não. Não é aquele sofrimento cristão, um digno de se sentir talvez. É um meio "judascariotisiano" que trai a mim mesmo com um beijo. Sofrer o insofrível é ridículo demais para sequer citar. Não vou perder meu tempo, não vou contá-los antes de dormir, apesar de ter meu tempo roubado por esses sofrimentozinhos-muriçoca de a partir das seis horas da noite. Se elas vem, é porque janelas estiveram abertas. Sim, estão todas escancaradas. E a força para fechá-las? Ouço: “Esqueça as janelas”. “Esqueça as muriçocas, são pequenas demais”. Sim, são pequenas demais, eu sei , mas como incomodam as malditas! Sinto essas pequenas picadelas que torturam e resultam numa obra de arte: as marcas em minha pele. Definitivamente não sou fã de arte.
Amanhã levantarei mais cedo. Assim terei mais tempo antes das 18hs, porque depois, tudo é zummm.

Olhos despoetizados

Nos olhos despoetizados nada canta
Ou vela à noite- dia
Nos olhos despoetizados: o avesso
São cabelos que caem
E uma boca cega de nascença
E uma vontade de atirar a mancha-crença
Ou um dia todo a olhar o sol
Nos olhos despoetizados: maré
Seca de mangue, sangue
Que junta a si o lodo de déspotas
Poeira de estrada virada
Avessos
Avessso
Vida despolitizada
Canções desmetrificadas
Sol