quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O discurso pedagógico por Eni Orlandi


O discurso pedagógico foi objeto de estudo de Eni Orlandi (1987) em seu livro "A Linguagem e Seu Funcionamento". Eu que ainda estou engatinhando na Análise do Discurso, fui fisgada com as análises desta grande autora. Olha o que ela tem a dizer sobre a relação professor-aluno-livro didático, vale à pena citar:

"O material didático, que tem esse caráter de mediação e cuja função sofre o processo de apagamento (como toda mediação) e passa de instumento a objeto. Enquanto objeto, o material didático anula sua condição de mediador" (isto é a mais pura verdade!!! Voltando...)
"... O que interessa então, não é saber utilizar o material didático para algo. Como objeto, ele se dá em si mesmo, e o que interessa é saber o material didático. (...) A reflexão é substituída pelo automatismo, porque, na realidade, saber o material didático é saber manipular"

Estou escrevendo um artigo que trata desse ensino automático, prescritivo e classificatório da Língua Portuguesa. Em breve ele estará sendo publicado.

Por hora, dedico um salve a Eni Pulcinelli Orlandi!!!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Comunhão fática no elevador


(porta se abre)
-Bom dia.
-Bom dia.
(tosse)
(olhada no monitor)
(olhada para o chão)
- Bom dia.
-Bom dia.
(porta se fecha)

Estudando Benveniste descobri que B. Malinowski cunhou o termo "Comunhão fática" para designar um tipo de discurso em que os laços de união são criados pela mera troca de palavras... E eu nem saí do térreo para desconfiar disso.

Novos PRETEXTOS

Hoje eu inauguro uma nova fase para o “Pretextos”. À semelhança do novo momento que eu vivencio nos estudos sobre língua e discurso, procurarei escrever textos que mesclam conceitos linguísticos sem deixar de lado o gosto que nutro pelo artístico, pelo literário. Não que agora eu esteja do outro lado da margem (afinal de contas no rio há espaço para uma terceira margem!). É que prefiro pensar no meio... No entre-meio (Orlandi) ou entre-lugar (Santiago) - como queira... Como seu objeto lingüístico-literário possibilite. Sou das letras e tudo o que diz respeito a elas me atrai.

Sendo assim, os próximos posts pretenderão compartilhar minhas reflexões sobre teorias do discurso e parêntesis de vida... Trânsitos nos quais só quem ama os estudos sobre a linguagem é capaz de se embrenhar. Pelo menos é o que tentarei a partir de agora.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Belo Belo

Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo - que foi? passou - de tantas estrelas cadentes.

A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.

O dia vem, e dia adentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.

Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.

As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.

Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.

- Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.


(Manuel Bandeira)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Réplica

Estive pensando naquilo tudo que você me disse. Pensei e cantei cada palavra sua. É porque não consigo só ouvir. Desculpe. Preciso, vitalmente, redimensionar a mais simples respiração. E rumo a essa nova grandeza, não há espaço para nada abaixo de emoção. É disso que somos feitos. É sobre isso que quero cantar. Nascemos de emoção e nela morremos. A vida, enfim. Por isso, não consigo nada, além de uma linha que tange o choro e o riso. Não quero que você entenda. Não espero muito de você, que não seja pequenos papéis com onças e o selo do Banco Central. Não quero os seus adornos quero só o dente de leão que segue o vento na procura de paisagens-aquarela.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Apelo Leninico

Me ajude a ver a vida de uma outra maneira. “ME” ajude. Não vou usar ênclise, porque a minha necessidade está acima de qualquer regra. É o despertar de um protesto. Sou contra as normas que me levam a ter necessidades. Por isso, me desfaço terminantemente de qualquer coação que me leve a sentir frio.

Frio. Vento. Sol a pino. A estrada é feita de percepções. É por elas que peço: ME ensine a ver o caminho não pelo horizonte. Me ensine a mimar a estrada. Esquadrinhar cada pedaço de chão. Apelidar pedrinhas. Rir dos tombos, caducar os morros com todas as suas subidas e decidas. Quero ver. Não quero apenas a glória de chegar, porque aqui não sei onde estou indo. Quero chegar sim, mas não sem antes curtir um bom caminho. Uma boa caminhada com quem se ama. Uma conversa boa, daquelas que não vemos o dia passar. Daquelas que fazem nos perder entre sol e chuva. Quero tudo o que vale a pena.Quero fazer tudo valer a pena. Tudo o que me interessa, como já cantava nosso bom e velho Lenine.