quarta-feira, 25 de março de 2009

Confrontos Supramentais

No meio da rua, um deficiente mental me parou. Fixou meus olhos e disse: ”tá tudo errado”. Eu concordei. Ele continuou. “Eu não entendo vocês. A lua e o meio fio. É tudo tão pra sempre”. Pasmei. “E vocês aí... puft.”. Do mesmo modo que surgiu em minha frente, se foi. E a cada passo que dava, tão eficientes como suas palavras, seguia na missão de catar tampinhas. Um monte delas. Depois parava e admirava os carros. O tal meio fio. A luz do poste que piscava, piscava. A lua minguante. O cheiro do churrasquinho. A música do bar. Os “talvezes” das falas ao celular. Os ambulantes se recolhendo para tomar ônibus. Tudo seguia num “pra sempre” finito, diariamente finito. E em “puft”, saí do casulo asséptico da rotina normal, apenas com a missão de enxergar a vida por olhos eficientes e, como os dele, supramentais.

24/03/09

Nenhum comentário: