A web 2.0, essa nova geração de serviços online, vai além da
máquina pura e simples. Diz respeito a uma forma diferente de nos relacionarmos
com a informação, com o outro e, por que não dizer, com nós mesmos. Afinal,
aquele que se encontra diante do computador não é o mesmo, nunca foi o mesmo (e
quem disse que deveria ser o mesmo?).
Esse que está na frente do computador pode ser quem quiser
ser. Não é à toa que surgem tantos perfis fakes. Mas antes que tenhamos a
tendência de tornar fake tudo na web 2.0, alto lá! As relações afetivas, por
exemplo, são legítimas. Não vamos aqui apregoar o apocalipse dos
relacionamentos. A questão não é essa. Estamos diante de uma nova forma de
relação afetiva. E a mudança nesse quesito faz parte da nossa própria das condição
histórica e social.
Lembro-me de um outdoor de uma universidade particular daqui
da Bahia. Ele diz: “Não quero só adicionar amigos. Quer fazer amigos”. Ou algo
parecido com isso. Fiquei me indagando sobre a frase, pois hoje, na atual “conjuntura
de fazer amigos” (Há uma receita para fazer amigos?!) o ato de adicionar pessoas
ao seu perfil de Facebook, por exemplo, já faria parte do pacote. Não há fim do
mundo nisso, há a manifestação de uma mudança na forma de se relacionar que
ocorre no mesmo ritmo da mudança do mundo.
E por falar em ritmo, o ritmo com o qual a web 2.0 processa a informação também merece destaque. E quem vai/dita n/esse ritmo, são as
milhares e milhares de pessoas conectadas. O que eu faço se junta com o que
alguém que eu jamais conheça pessoalmente faz, e tudo se une num processo
criativo em que o que vale é a participação coletiva. Aqui, a credibilidade
quem dá é a própria coletividade. A
própria noção de autoria é questionada. Mas até aí tudo bem, Roland Barthes já matou o
autor, agora só precisamos comemorar os vivos, a lá “Um morto muito louco”.
Chamar os mortos para dançar no meio dos vivos, afinal “o conteúdo oferecido
pela coletividade é em sua maior parte produzido por eu,
vós e eles, e por outros sujeitos que eu nunca interagiu”. Aqui tomo a
liberdade de incluir os “autores” na dança. Mortos e vivos na web 2.0