
Como a própria autora salienta, a utilização do termo inclusão digital esconde uma bem engendrada rede discursiva. Uma espécie de força tarefa, vinda de cima para baixo, em prol da igualdade? Talvez. A ideia de que o sujeito excluído é capaz de, desde que queira, apropriar-se do que lhe foi expropriado? Tudo indica
que sim. Como disse, uma bem engendrada rede discursiva. Nas teias dela, esconde-se uma visão reducionista de que basta tão somente um bom projeto de inclusão digital para capacitar a mão de obra, formar uma sociedade melhor, suprir demandas políticas e sociais muito mais complexas do que uma ação pontual. Façamos como os meninos de “Quanto vale ou é por quilo?”. Vamos por abaixo aquilo que nos incomoda... Calma, não me refiro aos PCs, mas às ideias pré-fabricadas em torno do jargão “inclusão digital” para dar lugar a uma reflexão mais madura sobre o tema. Assim, quem sabe, passamos a ter uma visão holística sobre o assunto, dando início a um debate que abarque questões como formação de professores, cultura digital e política. Mas, é preciso ter em vista que esta desconstrução demanda um esforço constante. Temos aqui um começo.
Um comentário:
Gostei da analogia com o filme "Quanto vale ou é por quilo?" Um dos melhores filmes sobre a elite assistencialista para com os marginalizados que eles próprios criaram.
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