segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Rossio o quê?!

O nome me é estranho, mas o espírito, não. O rossio, essa palavrinha que me fez entortar a boca para o texto “O rossio não rival” de Imre Simon e Miguel Said Vieira, tem o espírito de compartilhamento e liberdade velho conhecido nosso. Algo meio Canudos ou Novos Baianos... Essa ideia de espaço usufruído por todos, onde os sentimentos de posse são liquidificados, não me é nada estranho. Lembro- me de cara de Canudos, ou, para ser um pouco mais musical, lembro-me dos Novos Baianos, aquele bando de gente maluca que comprou um pedacinho de terra e fincou a bandeira da liberdade criativa, livre de pequenas disputas artísticas, onde tudo era decidido por todo mundo. Lá o usufruto era compartilhado e a liberdade (entre outras coisitas) era cultivada. Mas, imediatamente eu lembro: tanto Canudos quanto aquele pedacinho de terra dos Novos Baianos não subsistiu. E aqui que eu paro a analogia. Ao ler o texto de Simon e Viera, penso não ser mais possível ir adiante na comparação, pois o “verdadeiro” rossio não- rival é dinâmico e modifica-se a partir das particularidades individuais, por e para atender as necessidades coletivas. Daí eu penso que algo assim tão pujante não acaba. Vá lá que os motivos para o fim do arraial de Canudos não veio de uma reunião interna onde a maioria decidiu pelo fim da relação. Não, não foi uma espécie de reunião de condomínio. Não posso esquecer, obviamente, de toda a barbárie que marcou o fim dessa comunidade.
Por outro lado, também devo admitir que o fim da casa onde todo o grupo musical morou por um tempo se deu por motivos bem particulares. Todavia vamos ir além dessa questão. A ideia aqui é pensar o quanto as tecnologias digitais baratearam e ampliaram os rossios não-rivais, tornando-os cada vez mais populares, demandando um revisão política para a questão.
E mais uma vez voltamos aos nossos exemplos. A não compreensão do que é comum, a incompatibilidade de interesse, sobretudo político, fizeram, estes que aqui eu considero como rossios não-rivais, se extinguiram. O desafio é pensar sobre como as tecnologias dão suporte para a propagação e sustentação dos nossos atuais rossios não –rivais. E nesse engajamento sinérgico, vale de tudo: softwares livres, enciclopédias colaborativas, manifestações artísticas, “Prondé qui vão/ Vamos pro mundo”.

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