De todos os conceitos de cidadania apresentados no texto “Breve
percurso histórico em torno do conceito de cidadania” o que mais me chamou a
atenção é o de categoria potencialmente agregadora. E isso me faz lembrar um
dos temas discutidos no último texto: o virtual. O virtual como potência. O
virtual como complexo problemático. Uma
potência que vai além do digital, sendo este apenas uma de suas muitas formas.
Como categoria
potencialmente agregadora, a cidadania é um equalizador de interesses, que
trabalha as especificidades da vida em sociedade tornando-nos seres
convivíveis. Nestes termos, seria impossível falar em cidadania e não me
lembrar da “forma-sujeito histórica” conceito proveniente da Análise de
Discurso. Este diz respeito à nossa atual fase histórica, o capitalismo, e a
forma como os discursos tornam os homens seres individualizados.

Bem, novamente faço um
contraponto com a Análise de Discurso, porque através dessa corrente teórica observo
o mundo e os homens de maneira diferenciada, interpreto o tempo presente e as
pessoas por meio de leituras acionadas por links desta ou daquela palavra/matéria/figura/fala/discussão
em sala de aula. O hyperlink dessa vez foi desencadeado pelo termo “cidadania”.
Voltemos a ele.
Na era da tecnologia, a
cidadania tem escala global. Pensando pelo viés da Análise de Discurso, podemos
ainda dizer que as tecnologias são formas do homem se significar, ou seja, é a
própria ideologia em ação, promovendo efeitos de evidência do sujeito e do
sentido. Como a forma-sujeito capitalista é sustentada pelo jurídico - e aí
entram os direitos e deveres- percebo que a questão da cidadania se relaciona
com as formas de se relacionar com o poder, a cidade e os cidadãos. E nesse
processo, as novas tecnologias cooperam para emergirem gestos de cidadania
jamais vistos. Primavera Árabe, Ocupy All Streat, “Vem pra rua”, me vêm à
memória neste momento.
Para não me perder nesse
rizoma, faço este último clique: pensar nestes novos gestos de cidadania como
formas de resistência dos sujeitos, práticas que só são possíveis pelo fato de
o Estado não ter total controle sobre suas articulações com o simbólico. A
ideologia como um ritual com falhas encontra sua vulnerabilidade e estas
práticas de cidadania que extrapolam as barreiras geográficas tomam espaço, vêm
na contramão, questionam o atual estado da educação, política, economia pelo
país e pelo mundo, afinal não há limites para o ser cidadão na sociedade atual.
Concluo este post
sugerindo uma leitura que trata mais a fundo a questão da forma-sujeito
histórica: o livro “Discurso em Análise” de Eni Orlandi no capítulo “Por uma
teoria discursiva da resistência do sujeito”.